
- A MONTANHA SHASTA -
Onde o Céu e a Terra
se encontram
ENCONTRO DO MENSAGEIRO GUY BALLARD COM
O MESTRE ASCENSO SAINT GERMAIN
O MONTE SHASTA
O Monte Shasta se eleva sobranceiro e majestoso, no sopé, por um
bosque de pinheiros e abetos (árvores coníferas da família das
pináceas, de folhagem sempre verde), assemelhando-se a uma jóia de
brilho e alvura incomparáveis, fixada em engaste de filigrana verde.
Seus cumes, cobertos de neves eternas, resplandeciam, como milhares
de diamantes, de raro esplendor e beleza, assumindo as sete cores
prismáticas e mudando constantemente, à proporção que as sombras se
alongavam com a decida do sol no horizonte.
Havia rumores de que existia um grupo de homens – Homens realmente
Divinos – citados como Fraternidade do Monte Shasta, que constituía
um ramo da Grande Loja Branca, e que esse Foco, desde tempos
remotos, vinha operando continuamente, até os dias presentes.
Eu fora enviado, a negócios do Governo, para uma cidadezinha situada
na base da montanha e enquanto no desempenho dessa missão, ocupava
minhas horas de folga tentando deslindar os rumores concernentes à
Fraternidade.
Eu sabia, através de viagens no Extremo-Oriente, que a maior parte
das tradições, dos mitos e das lendas têm, em algum ponto, como
origem, uma profunda Verdade fundamental, que geralmente permanece
desconhecida de todos, a não ser dos verdadeiros estudantes da vida.
Enamorei-me pelo Monte Shasta e todas as manhãs, quase
involuntariamente, saudava o Espírito da Montanha e os Membros da
Ordem. Percebia alguma coisa muito singular e fora do comum ao redor
de toda a localidade e, à luz das experiências que se seguiram, não
me admira que algumas delas eu as pressentisse tão intensamente.
Longos passeios na trilha tornaram-se hábito meu, sempre que
desejava pensar a sós ou tomar decisões importantes. Aí, nesse
Grande Gigante da Natureza, encontrava descanso, inspiração e paz
que me confortavam a alma, revigorando-me o espírito e o corpo.
Planejara tais excursões por prazer, como pensava, a fim de passar
algum tempo mergulhado no coração da montanha, quando a seguinte
experiência entrou em minha vida para mudá-la tão completamente, que
eu quase poderia crer estar em outro planeta, não fora minha volta à
rotina em que me achava empenhado por meses.
Nessa manhã saí ao romper do sol, decidido a seguir até onde a
fantasia me levasse, e de um modo vago pedia a Deus que me guiasse
os passos. Ao meio-dia eu já subira alto pela encosta da montanha,
de onde a vista para o sul era bela como um sonho.
À medida que o dia avançava, tornava-se muito quente e eu parava com
freqüência para descansar e deleitar-me com a notável extensão da
região em volta do rio Mac Cloud, do vale e da cidade. Chegou a hora
de almoçar e procurei uma fonte de água fresca e límpida. Com o copo
na mão, inclinei-me para enchê-lo quando uma corrente elétrica
percorreu-me o corpo da cabeça aos pés.
Olhei em volta e percebi atrás de mim um jovem que, à primeira
vista, parecia estar como eu, a passeio. Olhei mais atentamente e
compreendi, de pronto, não se tratar de um pessoa comum. Enquanto
esse pensamento me atravessava o cérebro, ele sorriu e dirigindo-se
a mim, disse:
“Meu Irmão, se me entregardes esse copo, dar-vos-ei bebida muito
mais refrigerante que água da fonte”.
Obedeci e instantaneamente o copo se encheu de um líquido cremoso.
Devolveu-me, dizendo: “Bebei”.
Assim o fiz, devendo deixar transparecer o meu espanto. Ao mesmo
tempo em que era de sabor delicioso, o efeito eletrizante e
estimulante, produzido em minha mente e em meu corpo, fez-me ofegar
de surpresa. Não o vi colocar coisa alguma dentro do copo e
maravilhei-me com o que sucedia.
“O que bebestes”, explicou, “vem diretamente do Reservatório
Universal, puro e vivificante como a Própria Vida, e de fato é Vida
– Vida Onipresente – porque está em toda parte em torno de nós”.
Está sujeito a nosso controle e direção consciente, obedecendo-nos
prontamente quando amamos bastante, porque todo o Universo obedece
ao preceito do Amor. Seja o que for que eu deseje, manifesta-se por
si mesmo quando ordeno em amor. Estendi o copo e aquilo que desejei
para vós, apareceu.
“Vede! Basta-me estender a mão e se eu me interessar pelo ouro – o
ouro aqui está”. Instantaneamente surgiu-lhe na palma da mão um
disco quase do tamanho de uma moeda de ouro de dez dólares.
Continuou, então:
“Vejo dentro de vós uma certa compreensão Interior da Grande Lei,
mas não estais externamente consciente o bastante a respeito dela
para produzirdes o que desejais diretamente do Onipresente
Reservatório Universal. Desejastes tão intensa, honesta e
resolutamente ver alguma coisa deste gênero, que isso não vos
poderia ser recusado por mais tempo”.
Entretanto, a precipitação é uma das menos importantes atividades da
Grande Verdade do Ser. Se vosso desejo não fosse desprendido de
egoísmo e de fascinação pelos fenômenos, tal experiência não vos
teria ocorrido. Quando deixastes a casa esta manhã, pensastes estar
saindo a passeio, isto é, tanto quanto vossa atividade exterior
gostaria de fazê-lo.
No mais profundo e amplo sentido, porém, estáveis realmente seguindo
o impulso de vosso Próprio Deus Interno, que vos conduziu à pessoa,
ao lugar e à condição onde vosso mais intenso desejo pudesse ser
satisfeito.
"A Verdade da Vida é que não se pode desejar uma coisa, que não seja
possível a esta coisa manifestar-se em algum lugar do Universo.
Quanto mais intenso for o sentimento contido no desejo, tanto mais
depressa este se realizará."
Se, entretanto, alguém for tão insensato a ponto de desejar alguma
coisa que possa prejudicar a um outro filho de Deus, ou a qualquer
outra parte de Sua Criação, então essa pessoa pagará a penalidade
com discórdia e fracasso, em alguma experiência de sua vida.
É muito importante compreender plenamente que o desígnio de Deus
para com cada um de Seus filhos é a abundância de todas as coisas
boas e perfeitas.
Ele criou a Perfeição e investiu cada um de Seus filhos exatamente
com o mesmo poder. Também eles podem criar e manter Perfeição,
expressar a SABEDORIA de Deus sobre a Terra e tudo quanto nela
existe.
O ser humano foi criado, originalmente, à Imagem e Semelhança de
Deus. A única razão pela qual nem todos manifestam Seu Domínio e
Majestade, é pelo fato de não usarem a sua Herança Divina – aquilo
de que todo o individuo é dotado e com que é destinado a governar
seu próprio mundo.
Então, não estão obedecendo à Lei do Amor, através da qual se
derramam bênçãos e paz a toda a Criação.
Isto lhes acontece pela sua falta de capacidade em aceitar e
reconhecer a si próprios como Templos do Mais Alto Deus Vivo, e de
guardar esse conhecimento com eterna gratidão.
A humanidade, na sua atual limitação aparente de tempo, espaço,
conceitos e valores distorcidos, acha-se nas mesmas condições de uma
pessoa necessitada a quem estendesse uma mão cheia de dinheiro.
Se o referido indigente não desse um passo avante para receber o
dinheiro que se lhe oferecia, como poderia jamais obter os
benefícios que este lhe poderia trazer?
A massa da humanidade está hoje exatamente nesse estado de
consciência e nele continuará mergulhada, até que os humanos aceitem
a Deus dentro de seus corações como o SUPREMO AMOR GOVERNANTE, o
DOADOR e o AUTOR de todo o BEM que sempre desejarem para preencher
suas vidas com plenitude e bem-aventurança.
O eu pessoal de todo individuo deve reconhecer, completa e
incondicionalmente, que a atividade exterior ou humana da
consciência, nada tem, absolutamente, que lhe seja próprio.
Mesmo a energia, pela qual se reconhece o Grande Deus Interior, é
irradiada para o eu-pessoal pelo Grande Ser Divino Interior.
Amor e glorificação ao Grande Eu Interior e a atenção mantida
focalizada sobre a verdade, a saúde, a liberdade, a paz, a fartura,
ou qualquer outra coisa que desejardes para correto uso, trarão à
manifestação para o vosso proveito e de vosso mundo – se com
persistência os conservardes em vossa consciência (pensamento e
sentimento). Isto é tão certo como existe uma Grande Lei de Atração
Magnética no Universo.
“A eterna Lei da Vida é: O QUE PENSAIS E SENTIS ATRAIREIS PARA O
MUNDO DA FORMA. Onde está vosso pensamento, aí estais, porque sois
vossa própria Consciência e vos tornareis naquilo sobre aquilo que
meditais."
Quando alguém permite que sua mente se demore em pensamento de ódio,
condenação, concupiscência (anseio pelos prazeres sensuais; ganância
por propriedades materiais; anseio humano pelos domínios naturais ou
sobrenaturais), inveja, ciúme, critica, medo, dúvida ou
desconfiança, e admite que esses sentimentos de irritação sejam
gerados dentro dele, certamente terá discórdia, fracasso e desgraça
em sua mente, corpo e mundo.
Enquanto ele permanecer consentindo que sua atenção se prenda a tais
pensamentos – tenham eles por objeto nações, pessoas, lugares,
condições ou coisas – estará absorvendo aquelas atividades na
substância de sua mente, de seu corpo e de seus negócios.
De fato, ele está induzindo – forçando-as – a que entrem em sua
experiência.
Todas essas atividades discordantes atingem o individuo e seu mundo,
através de seus pensamentos e sentimentos. O sentimento muitas vezes
se manifesta impetuosamente, antes mesmo que os pensamentos captados
pela consciência externa possam ser controlados; tal experiência
mostrar-lhe-á como é grande a energia, dentro de suas múltiplas
criações – criações estas que ele acumulou pelo hábito.
A atividade de Vida designada como sentimento é o ponto menos
resguardado da consciência humana. É a energia acumuladora que
impele os pensamentos para dentro da substância atômica, e assim
pensamentos se tornam coisas.
Advirto-vos: a necessidade de vigilância sobre o sentimento nunca
será demasiadamente enfatizada, porque o controle das emoções
desempenha o papel mais importante em tudo na Vida, mantendo o
equilíbrio da mente, a saúde do corpo, sucesso e realização nos
negócios e no circulo social do eu-pessoal de todo o individuo.
PENSAMENTOS nunca poderão se converter em coisas, enquanto não se
revestirem de SENTIMENTO.
“O que se chama de Espírito Santo é o que conhecemos como
sentimento, é a parte da Vida – Deus – a Atividade do Amor Divino ou
a Expressão Materna de Deus. É por isso que o pecado contra o
Espírito Santo é referido como o que acarreta tão grande aflição,
porque qualquer discordância no sentimento, rompe a Lei do Amor, que
é a Lei do Equilíbrio, Harmonia e Perfeição."
O maior crime no Universo contra a Lei do Amor é a emissão quase
incessante, pela humanidade, de toda espécie de sentimentos
negativos e destrutivos.
Um dia a raça humana virá a perceber e reconhecer que as forças
sinistras e destrutivas que se manifestam nesta Terra e em sua
atmosfera – geradas, notai bem, pelo pensamento e sentimento humano
– só entraram nos negócios dos indivíduos e das nações através da
falta de controle das emoções na experiência diária de cada um.
Mesmo os pensamentos destrutivos não podem expressar-se em ação,
acontecimentos, ou transformar-se em coisas físicas, sem passar pelo
mundo do sentimento – porque é nessa fase de manifestação que tem
lugar a atividade de solidificação do átomo físico sobre as coisas
mentais.
Assim como o barulho de uma súbita explosão causa um choque no
sistema nervoso de quem ouve, imprimindo uma sensação de tremor na
estrutura celular do corpo – exatamente do mesmo modo, as labaredas
do sentimento irritado chocam, perturbam e desordenam as substâncias
mais finas da estrutura atômica da mente, do corpo e do ambiente da
pessoa que as emite, consciente ou inconsciente, intencionalmente ou
não.
“O sentimento discordante é o causador das condições a que chamamos
desintegração, velhice, falta de memória e qualquer outra falha no
mundo da experiência humana. O efeito causado sobre a estrutura do
corpo é o mesmo que seria produzido em um edifício se a argamassa,
que une os tijolos, recebesse repetidos golpes, num aumento
crescente, diariamente. Esse abalo contínuo separaria as partículas
componentes da argamassa, e o edifício ruiria e se transformaria em
massa caótica, e a forma deixaria de existir."
É isto que a humanidade está constantemente fazendo na estrutura
atômica do corpo humano.
Manifestar pensamentos e sentimentos discordantes que brotam de si
mesmo, é proceder dentro do menor esforço e constitui uma atividade
habitual do individuo pouco desenvolvido, rebelde e obstinado, que
recusa compreender a “LEI DO SEU PRÓPRIO SER” e trazer sua
personalidade – que é apenas instrumento de expressão – à obediência
a ‘Essa Lei’.
“Aquele que não quer controlar seus pensamentos e sentimentos está
em mau caminho, porque todas as portas de sua consciência estão
abertas de par em par às atividades desintegradoras projetadas pelas
mentes e emoções de outras personalidades. Não é preciso nem força,
nem sabedoria, nem treinamento, para dar passagem a impulsos
malévolos e destrutivos, e os seres humanos adultos que fazem isto
não passam de crianças no desenvolvimento de seu autodomínio”.
É uma vergonha para a Vida da espécie humana que tão pouco controle
das emoções seja ensinado à humanidade, do berço ao túmulo. ATENÇÃO
pois este ponto fundamental e grave, é hoje a maior necessidade do
mundo Ocidental. É fácil ceder a pensamentos, sentimentos e hábitos
discordantes, porque a massa humana está como que submersa em
ambiente e associações criadas, inteiramente, pelos próprios homens.
O indivíduo, pelo autodomínio da consciência externa, deve
esforçar-se por se elevar acima dessa condição, pelo seu próprio
esforço, a fim de transcender a essas limitações permanentemente, e
ninguém pode ter a esperança de libertar sua vida e seu mundo da
miséria, da discórdia e da destruição, enquanto não refrear os
próprios pensamentos e sentimentos. Deste modo ele recusa deixar a
Vida – que flui através da mente e do corpo – vir a ser qualificada
pela discórdia resultante de cada pequena ocorrência perturbadora no
mundo que o cerca.
A princípio, essa disciplina requer esforços tenazes e contínuos,
porque os pensamentos e os sentimentos de noventa e cinco por cento
da humanidade correm tão descontrolados e livres como um cãozinho
vadio.
Entretanto, não importa quanto esforço seja necessário para trazer
essas duas atividades a um controle absoluto; esse objetivo é da
máxima importância e vale a pena que se lhe dedique toda a energia,
esforço e tempo; sem ele não poderá haver nenhum domínio real e
permanente da Vida e do mundo.
Será prazer e privilégio para mim ensinar-vos o emprego dessas LEIS
SUPERIORES. O uso e a aplicação delas vos permitirá libertar e
expressar a Verdadeira Sabedoria e manifestar Toda Perfeição.
1. O primeiro passo para o controle de si mesmo é a quietação de
toda atividade externa, tanto da mente como do corpo. Quinze a
trinta minutos, à noite antes de dormir, e pela manhã antes de
começar o trabalho diário, de prática do exercício que se segue,
causará prodígios em quem quer que o faça com o necessário empenho.
2. O segundo passo consiste em certificar-vos de que não sereis
perturbados, e depois de vos tornardes perfeitamente tranqüilo,
imaginai e senti vosso corpo envolvido em uma Resplandecente Luz
Branca. Durante os primeiros cinco minutos de concentração nesse
quadro, reconhecei e senti intensamente a ligação entre o eu
exterior e o Vosso Poderoso Deus Interior, focalizando a atenção no
centro do coração, visualizando-o como um Sol Dourado.
3. O passo seguinte é o reconhecimento: ‘Eu agora aceito alegremente
a plenitude da Poderosa Presença de Deus – o Cristo Puro’. Senti o
grande brilho da ‘Luz’ e intensificai-a em cada célula de vosso
corpo durante, no mínimo, dez minutos.
4. Encerrai então a meditação pelo comando: “EU SOU UM FILHO DA
‘LUZ’ – EU AMO A ‘LUZ’ – EU SIRVO A ‘LUZ’ – EU VIVO NA ‘LUZ’ – EU
SOU PROTEGIDO, ILUMINADO, SUPRIDO, SUSTENTADO PELA ‘LUZ’ E EU
ABENÇÔO A ‘LUZ’”.
Lembrai-vos sempre: Nós nos tornamos aquilo em que meditamos e uma
vez que todas as coisas vieram da ‘Luz’, ‘Luz’ é a Suprema Perfeição
e o Controle de todas as coisas.
Contemplação e adoração da ‘LEI’ induzem a iluminação da mente,
saúde, força e ordem no corpo físico, paz, harmonia, êxito, a se
manifestarem nos negócios de todo individuo que realmente coloque em
prática essa disciplina e a mantenha.
No início de cada Era, em todos os tempos, em quaisquer condições,
dizem-nos todos aqueles que expressaram as maiores realizações da
Vida que a ‘Luz’ é Suprema – a ‘Luz’ está em toda parte – e na ‘Luz’
existem todas as coisas.
Esta Verdade é tão verdadeira hoje como o era há um milhão de anos.
Tão remotamente desde quando se tem conhecimento da história da
humanidade, os sábios e os grandes representantes de todas as eras
são pintados com uma radiação de Luz que os envolve, emanando da
cabeça e do corpo.
Essa ‘Luz’ é real – tão real como a luz elétrica em vossas casas.
Não está muito distante o dia em que aparelhos serão construídos
para mostrar a emanação da ‘Luz’ em volta de cada individuo, visível
ao olho físico de quem quer que deseje vê-la.
Tais aparelhos mostrarão, também, a contaminação ou descoloração que
se torna nuvem em torno da ‘Luz’ de Deus – gerada pelo eu-pessoal
através de pensamentos e sentimentos discordantes. Esta – e somente
esta – é a maneira pela qual a energia da Grande Corrente de Vida é
mal empregada e erradamente qualificada.
Se praticardes fielmente o exercício recomendado, sentindo-o em cada
átomo de vossa mente e de vosso corpo com profunda, profundíssima
intensidade, recebereis provas abundantes da Tremenda Atividade, do
Poder e da Perfeição que residem e estão perenemente ativos dentro
da Luz.
Quando tiverdes experimentado isto, mesmo por pouco tempo, não
precisareis de nenhuma prova além dessa. Tornar-vos-eis vossa
própria prova. A ‘LUZ’ É O REINO, ENTRAI N’ELE E ESTAREIS EM PAZ.
Voltai à casa do Pai.
Passados os dez primeiros dias da prática deste exercício, é bom
fazê-lo três vezes ao dia – de manhã, ao meio-dia e à noite,
verificareis um início palpável de modificação, discreta, que vai
manifestando-se aos poucos em vossa vida.
Muitas vezes ouvimos a queixa: ‘Oh! Não disponho de tanto tempo’!
Aos que são dessa opinião, desejo simplesmente dizer o seguinte:
O tempo que o comum das pessoas gasta criticando e censurando
criaturas, condições e coisas, por não serem algo diferente do que
são, se empregado nesse reconhecimento e uso do ‘Luz’, faria o Céu
manifestar-se na Terra, para quem ousar experimentar e tiver
determinação para perseverar. Nada é impossível. A ‘Luz’ jamais
falha.
A ‘Luz’ é o Meio de Deus para criar e manter Ordem. Paz e Perfeição
em toda a Sua Criação. Qualquer ser humano nesta Terra pode dispor
de todo o tempo de que necessitar para executar este exercício,
quando o seu desejo de fazê-lo for bastante intenso. A própria
intensidade do desejo reorganizará o mundo do individuo, as pessoas,
as condições e as coisas de modo a prover esse tempo, se o ser
desejar sinceramente utilizá-lo para sua elevação.
Ninguém no mundo faz exceção a Esta Lei – porque o desejo intenso de
fazer qualquer coisa de construtivo, quando se torna muito intenso,
é o Poder da Energia Divina que libera a energia necessária para
criar e expressar a coisa desejada.
Todos gozam desse mesmo supremo privilégio de contato com a
Todo-Poderosa Presença Onisciente de Deus, e Ela é o Único Poder que
sempre elevou, eleva e há de elevar o eu-pessoal e seu mundo acima
das discórdias e das limitações terrenas.
Meu Amado Filho, praticai isto com grande persistência e
determinação e sabei que Deus em Vós é Vossa Vitória Certa”.
Quando acabou de falar, comecei a perceber que deveria ser um dos
Mestres Ascensionados, porque não só me havia dado prova de seu
Domínio sobre os elementos, pela Precipitação, mas também ensinado e
explicado como o fez. Sentei-me, admirado de como foi que Ele me
conheceu.
“Meu Filho”, disse, respondendo imediatamente ao meu pensamento, “eu
vos tenho conhecido por eons. Elevando vosso pensamento – por vosso
esforço consciente – tornou-se possível minha vinda, hoje, até vós.
Enquanto estive sempre em contato convosco, quando estávamos ambos
em nossos corpos mais sutis, vosso esforço consciente para alcançar
algum dos Mestres Ascensionados abriu-me o caminho para vir até vós
de um modo muito mais tangível, isto é, tangível para vossos
sentidos físicos”.
Vejo que não me reconheceis absolutamente em vossa consciência
externa. Estive presente ao vosso nascimento, quando do passamento
de vossa mãe, e servi de instrumento reunindo-vos a vossa esposa
Lotus – no momento propicio – de modo a não retardar vossa
realização final na presente encarnação. Sede, porém, paciente.
Ficai tranqüilo por alguns momentos – observai-me com atenção – e eu
vos revelarei minha identidade.” Fiz como ele pediu e durante um
minuto, talvez, vi a sua face, corpo e vestes se tornarem a
“Presença” Vivente Natural, Tangível do Mestre Saint Germain,
sorrindo de meu espanto e divertindo-se à vista da minha surpresa.
Ele ficou parado ali, frente a mim – Esplêndida figura semelhante a
um Deus – num manto branco ornado de jóias, Luz e Amor cintilando em
seus olhos, que revelavam e provavam o Domínio e a Majestade que lhe
são próprios.
“Este”, explicou, “é o corpo em que eu trabalho uma grande parte do
tempo, quando ocupado com o bem-estar da humanidade, a menos que o
serviço que eu esteja efetuando no momento exija contato mais intimo
com o mundo externo de negócios, e neste caso construo meu corpo com
as características e a indumentária da nação com a qual eu esteja
trabalhando no momento”.
“Oh!” exclamei, “agora eu vos reconheço, porque vos tenho visto
muitas vezes assim, nos planos Internos da consciência”.
“Meu Filho”, prosseguiu, “não vedes o que a verdadeira mestria
realmente é? Nós – no Estado de Ascensionados – podemos moldar a
estrutura atômica do nosso corpo como o oleiro molda o barro. Cada
eléctron e átomo no Universo obedece ao nosso desejo e comando, em
conseqüência do Poder Divino pelo qual o controlamos – tendo
adquirido o direito de ser seus Dirigentes”.
A humanidade, no estado não ascensionado em que se encontra, fica
assombrada e maravilhada com essas coisas, mas eu vos digo que para
nós não existe maior esforço em mudar a aparência e a atividade de
nossos corpos, do que para um ser humano comum mudar de roupas.
A infortunada condição, na consciência humana, que mantém o
individuo nas suas autocriadas limitações é a atitude mental que ora
teme, ora ridiculariza aquilo que não compreende ou, o que é ainda
pior, em sua ignorância diz: ‘ISTO É IMPOSSIVEL’.
Uma coisa pode não ser provável sob certas condições humanas, mas o
SER DIVINO INTERIOR que é a Grande ‘Luz’ pode mudar todas as
condições humanas, e assim nada é impossível.
Todo individuo tem dentro de si a Divina Chama de Vida, e Esse seu
Próprio Deus tem Domínio, onde quer que se mova no Universo. Se ele,
por motivo de sua própria inércia mental, não empregar o necessário
esforço para reorganizar seus velhos hábitos mentais e corporais,
continuará acorrentado às cadeias que ele mesmo forjou.
Se, entretanto, prefere conhecer o Deus Interno dentro de si mesmo,
e ousa dar a esse Deus INTERIOR todo o controle de suas atividades
externas, receberá uma vez mais o conhecimento do Domínio sobre toda
a substância – que foi seu desde o começo.
É chegado o tempo em que a humanidade está despertando rapidamente e
ela deve, de algum modo, estar disposta a reconhecer que viveu
repetidamente centenas – algumas vezes milhares – de vidas, cada vez
em um novo corpo físico.
A Lei da encarnação é a atividade, na evolução humana, que dá ao
individuo uma oportunidade para restabelecer um equilíbrio, nas
mesmas condições que ele conscientemente desajustou.
É apenas uma atividade da Lei da Compensação – Causa e Efeito, ou o
que pode ser chamado processo automático de equilíbrio, governando
todas as forças em toda a parte do Universo. A compreensão correta
desta Lei nos dá a explicação de muitas condições na experiência
humana, que de outro modo nos pareceriam inteiramente injustas.
É a única explicação lógica para a infinidade de complexidades e
experiências da criação humana, e revela o processo e a Lei em que
repousa toda a manifestação. Faz compreender que não há tal coisa
como o acaso ou acidente. Tudo está subordinado à direita, exata e
Perfeita Lei. Toda experiência de consciência tem uma causa anterior
e tudo, no mesmo instante, torna-se a causa de um futuro efeito.
Se um homem magoa uma mulher em determinada vida, é certo que se
encarnará numa forma feminina e passará por experiência semelhante,
até que cumpra e sofra aquilo que fez sofrer a outrem. A mesma coisa
acontecerá a uma mulher que foi injusta para com um homem e
ofendê-lo.
Este é o único caminho pelo qual o ser é obrigado, ou antes,
obriga-se a si mesmo a experimentar tanto a causa como o efeito de
tudo o que gera no mundo. O individuo pode criar e experimentar o
que quer que seja no seu próprio mundo, mas se prefere causar
discórdia e sofrimento a outrem, obriga-se a atravessar condições
semelhantes, até compreender qual é o efeito de sua própria criação
sobre o resto da Vida no Universo.
“Vinde comigo, vamos rever a vida física na qual usastes uma forma
feminina, na França, quando fostes uma cantora de magnífico talento,
com voz de rara beleza e vigor.”
Imediatamente, sem o menor esforço de minha parte, saí de meu corpo
físico, vendo-o inteiramente reclinado no chão. Admirei-me de que
meu corpo ficasse em segurança ali, na encosta da montanha, e em
resposta ao meu pensamento Saint Germain replicou:
“Não vos preocupeis. Nada no mundo pode prejudicar vosso corpo
enquanto estivermos ausentes. Observai”!
Instantaneamente vi meu corpo físico envolvido por uma Chama Branca,
formando um circulo de mais ou menos um metro e meio de diâmetro.
Saint Germain colocou o braço direito em volta de mim, e vi que
estávamos nos elevando rapidamente do solo; logo, porém ajustei-me à
sua ação vibratória. Não houve sensação de movimento através do
espaço, e num instante estávamos vendo embaixo uma cidadezinha no
sul da França. O Mestre continuou:
Aqui nascestes filha única de uma bela mulher, cuja vida foi um
exemplo de idealismo, adiantado demais para a maioria dessa época.
Vosso pai foi um esposo e companheiro extremamente dedicado, muito
culto e inspirado nas origens do Espírito Cristão.
O éter atmosférico de cada lugar registra tudo o que acontece nessa
localidade. Reanimarei esses Registros Etéreos e vereis cenas
animadas, dando os detalhes de vossa vida.
Cantastes na igreja desse lugarejo e estudastes com uma professora
que persuadiu vossos pais a deixá-la exercitar-vos. Fizestes rápidos
progressos e recebestes vantagens ainda maiores, quando eles se
mudaram para Paris.
Depois de um ano de estudo intensivo, ofereceu-se uma oportunidade
para cantardes diante da Rainha da França e sob sua proteção
aparecestes em muitos de seus salões. Isto vos assegurou uma
próspera carreira musical. A França e o sucesso derramaram suas
dádivas sobre vós durante os cinco anos seguintes, e acumulastes
grandes riquezas.
Subitamente, vossos pais experimentaram a mudança chamada morte e o
choque que recebestes foi muito grande, seguido de muitas semanas de
grave enfermidade. Quando vos restabelecestes e voltastes a dar
concertos, um novo predicado de simpatia se juntara a vossa voz, em
virtude do sofrimento então recente.
Um homem, que vos orientara muito em vossos estudos musicais,
tornou-se diretor de vossos recitais em público e passastes a
depender dele, como se fosse merecedor de confiança. Seguiram-se,
então, quatorze anos de brilhante sucesso, ao fim dos quais
adoecestes subitamente, falecendo dentro de uma semana.
Vossas jóias e vossa fortuna deixastes ao cuidado do diretor para
serem empregadas em auxílio de outrem, e na realização de certos
planos, em prol dos quais trabalhastes durante toda a vida.
Mal haviam terminado as últimas cerimônias religiosas, quando uma
completa mudança nele se operou: a ganância apoderou-se dele
plenamente. Agora vos mostrarei esse homem, que encontrastes há
alguns anos aqui na América, em vossa vida presente. Tenho plena
certeza de que vos lembrareis do incidente nos negócios.”
Mostrou-me, então, uma associação em negócios, por meio da qual eu
tentara auxiliar várias pessoas, há dez anos passados, enquanto
estive no Oeste, em relação com um representante do governo belga.
“A esse homem”, continuou, “foi dada nessa ocasião uma oportunidade
para reparar o mal que vos fizera na França. Foi-lhe mostrada a
condição e ele estava perfeitamente a par da situação, porque lha
mostramos, mas ainda não estava suficientemente forte para permitir
a elaboração da Grande Lei Cósmica de Justiça e compensar aquela
dívida. Se o tivesse feito por sua própria vontade, ter-lhe-ia sido
dada liberdade em muitos caminhos, habilitando-o a progredir muito
mais rapidamente nesta encarnação.”
Assim, a vida externa mantém o individuo preso à roda da
necessidade, renascimento, luta contínua e dor, até que deixemos a
“Luz do Cristo Interior” iluminar-nos e purificar-nos, para que
possamos corresponder unicamente ao Plano de Deus – Amor, Paz e
Perfeição para Sua Criação.
Esta é a espécie de ensinamento que nunca se esquece, porque o
ensinamento objetivo registra a experiência tanto na visão, como na
mente. O registro visual é mais profundo e, necessariamente, recebe
mais atenção da atividade externa do intelecto.
A essência dessa experiência de há muito esquecida fixou-se
certamente em minha memória de modo permanente, porque posso hoje
recordar cada um dos seus detalhes com tanta clareza como quando com
ele a presenciei.
“Agora”, continuou, “vamos relembrar uma outra de vossas encarnações
– uma que vivesteis no Egito”.
Elevamo-nos do solo e rapidamente nos movemos para frente. Tive
perfeita consciência do Mediterrâneo, quando passamos por sobre suas
belas águas. Fomos em direção a Karnak e Luxor, e então entramos
novamente em contato com a Terra.
“Observai cuidadosamente”, disse Ele. “Esse registro é de um tempo
muito antigo de Luxor – que não está entre aqueles cujas ruínas os
arqueólogos estão explorando hoje em dia, mas é anterior a qualquer
um dos que até agora foram descobertos. Se eles soubessem onde
procurar, encontrariam templos magníficos em estado de quase
perfeita conservação”.
Tendo ele indicado um certo lugar cheio de ruínas, que é tudo o que
os viajantes podem ver atualmente, foi o cenário ocupado por uma
atividade no éter, tal como fora originalmente em toda a sua beleza
e esplendor, muito mais magnificente do que qualquer coisa que a
presente geração possa conceber.
Os jardins e os lagos eram cercados de grandes pilares de mármore
branco e granito rosa. Todo o local se tornou vivo, real, vibrante –
e tão tangível como qualquer cidade material de hoje, na Terra. Era
tão perfeitamente natural e normal, que perguntei de que modo fazia
tão vívidas estas experiências.
“O homem e suas criações”, respondeu, “do mesmo modo que a Natureza,
têm uma contra-parte etérica – um modelo – que se imprime para todo
o sempre na atmosfera que o rodeia, onde quer que vá. O modelo da
atividade individual e experiência da vida está dentro de sua
própria aura, todo o tempo. Um registro similar existe na aura de
todo lugar.
Um Mestre Ascensionado pode, se quiser, reavivar ou revestir de
atividades anteriores o registro de um individuo, esteja onde
estiver, porque o modelo sobre o qual o Mestre aglutina a estrutura
atômica está sempre na aura desse indivíduo. Quando o Mestre
reconstitui o registro de uma localidade, deve fazê-lo precisamente
no próprio local, porque tal registro, ao ser reanimado, volta a ter
a mesma forma vivente e estrutura que tinha, quando construído
preliminarmente em substância física.
Desse modo, é possível aglutinar novamente a estrutura material de
edifícios inteiros e suas adjacências, se o Mestre Ascensionado
assim o deseja, para alcançar algum justo propósito. Quando alguém
chega a atingir esse Domínio dado por Deus, pode reconstruir e
reanimar qualquer Arquivo Etérico que deseje tornar visível, para
instrução e beneficio de estudantes e outros.
Uma vez levado a efeito – tudo se torna real como a própria
realidade – e os objetos reconstituídos podem ser fotografados,
tocados e tornados materialmente tangíveis pelos sentidos físicos de
quem quer que os esteja observando.
“Notai”! lembrou-me, “estais experimentando essas atividades em
vosso corpo mais sutil; elas, porém, não são menos reais por causa
disso, uma vez que vosso corpo físico é apenas uma roupagem que vós,
o Eu-Consciente, individuo pensante e experimentador, usais”.
É o mesmo que se vestísseis um pesado abrigo, na atmosfera fria do
inverno, e apenas uma roupa leve num dia muito quente de verão. As
experiências que tivésseis com a roupa leve, certamente não seriam
menos reais do que as que vivêsseis em vossas roupas pesadas. Chamo
a vossa atenção para isso, a fim de que possais compreender as mais
elevadas e menos limitadas atividades da Vida.
Examinamos o solo, os arredores, a arquitetura.
“Vamos, entremos”, disse e enquanto falava adiantou-se e atravessou
a entrada principal, penetrando no próprio templo. Tornamo-nos,
então atores vivos e ao mesmo tempo observadores da seguinte
experiência: Entramos na parte principal do templo e prosseguimos em
direção ao Santuário Interior. O Grão-Sacerdote veio diretamente a
nós, parecendo conhecer-me.
“Este sacerdote dos dias antigos”, explicou, “é agora vosso filho”.
Um sacerdote de ordem inferior apareceu e imediatamente senti
conhecê-lo. Saint Germain observou:
“O sacerdote assistente éreis vós”.
Penetramos no Santuário Interior e vimos a virgem vestal guardando o
Fogo Sagrado. Ela, para quem eu olhava agora, era Lótus, meu amado
Raio Gêmeo, que encontrei e com quem me casei há alguns anos, e quem
é agora a mãe de nosso filho.
Mudou a cena e vimos um príncipe visitante, de uma província
afastada, planejar raptar a virgem vestal. Tudo parecia correr-lhe
bem, até que ao Grão-Sacerdote foi mostrada uma visão do que estava
para acontecer. Isso o perturbou; nada, porém, deixou transparecer.
Mantendo guarda enquanto entravam os escravos do príncipe, vigiou-os
quando se aproximavam do Santuário. Tendo eles chegado mais perto, o
sacerdote adiantou-se e pronunciou apenas uma palavra que
significava: “Parai!”
Um dos escravos, mais audacioso que os outros, avançou. O
Grão-Sacerdote advertiu-o para que se afastasse, mas ele se
aproximou ainda mais. Quando atingiu um certo Círculo Sagrado de
força, que emanava do Altar, o sacerdote não mais hesitou. Caminhou
até a borda externa dessa Irradiação Protetora, levantou a mão
direita e apontou-a diretamente para o escravo.
Um jato de Chama projetou-se como um raio e o escravo caiu sem vida.
O príncipe, que observava, avançou preso de raiva insana.
“Parai!”, ordenou de novo o sacerdote com voz trovejante. O príncipe
hesitou por um momento, aturdido pelo próprio poder da palavra, e o
sacerdote continuou:
“Ouvi-me! Não profanareis a maior das Dádivas de Deus ao Templo da
Vida. Retirai-vos antes que tenhais o mesmo fim de vosso muito
imprudente e mal dirigido escravo!”
O Grão-Sacerdote tinha perfeita consciência do poder que podia
empregar e enquanto enfrentava o príncipe era ele a personificação
do autodomínio, da força ilimitada, conscientemente sujeita à
obediência de sua vontade. Era a Majestade, coroada pelo Poder
Eterno.
O sacerdote, rápido como um raio, levantou a mão; a Chama rutilou
uma segunda vez e o príncipe seguiu o destino de seu primeiro
escravo.
Saint Germain voltou-se para mim e explicou a ocorrência mais
detalhadamente.
“Estais vendo”, começou, “este é o modo pelo qual a boa ou má
qualidade, que existe no interior de toda força, reage sobre quem a
emite. O príncipe e seu escravo vieram com as propriedades de ódio,
egoísmo e depravação impregnando seus sentimentos e, quando o
sacerdote projetou sobre eles a força de que era senhor, ela
empregou esses atributos no momento em que tocou suas auras. Ele
devolveu-lhes tão-somente seus próprios sentimentos, e o egoísmo
voltou-se sobre eles mesmos. O sacerdote, no esforço altruístico de
proteger a outrem, foi também protegido”.
Encerrado este incidente, a cena de esplendor desvaneceu-se e nós
nos encontramos de novo entre as ruínas do templo. Saint Germain
fez-me outras revelações, que não podem ser aqui relatadas.
“Há um único meio”, prosseguiu, “de evitar a roda cósmica de causa e
efeito – a necessidade de reencarnação – e isto é obtido através do
esforço consciente para compreender a Lei da Vida. Deve-se procurar
ardentemente o Deus Interno, estabelecer contato permanente e
consciente com esse “Eu Interior” e mantê-lo firmemente, sejam quais
forem as condições que se apresentem na vida exterior. Terei o
prazer e o privilégio de vos mostrar algo mais, mas só pela
instrução que vos trará e a outrem. Vinde! Devemos voltar agora”.
Ao nos aproximarmos do meu corpo, ele instruiu novamente:
“Observai desaparecer o Círculo de Chama Branca!” Olhei. O Círculo
desapareceu. Um momento depois, eu estava de volta, em meu corpo. O
Sol declinava, e eu sabia que seria quase meia-noite quando
chegássemos em casa.
“Ponde o braço em meu ombro”, disse Saint Germain, “e fechai os
olhos”. Senti meu corpo levantar-se do solo, mas não tive
consciência de me mover para frente. Imediatamente meus pés tocaram
o chão e, abrindo os olhos, encontrei-me no chalé. Saint Germain
divertiu-se bastante quando lhe perguntei como nos fora possível
voltar de tal maneira, sem atrair a atenção das pessoas que nos
rodeavam. Respondeu:
“Muitas vezes, nos rodeamos de um manto de invisibilidade, quando
nos movemos entre as pessoas que atuam no plano físico”. E
desapareceu.
Eu tinha ouvido falar dos Grandes Mestres Ascensionados, que podiam
levar consigo o próprio corpo onde quer que fossem, e manifestar ou
trazer à visibilidade qualquer coisa que desejassem atrair
diretamente do Universo. Entretanto, experimentar contato real com
um deles era uma coisa muito diferente, e tentei compreender
integralmente a maravilha da experiência. Para Saint Germain,
tratava-se, evidentemente, da mais trivial ocorrência.
Permaneci em contemplação silenciosa durante longo tempo, em
profunda, profundíssima gratidão. Procurando entender e assimilar
completamente sua explanação da “Lei” relativa ao desejo. Ele
enfatizou a importância e a atividade dela como uma força motriz do
Universo, para levar avante novas idéias, forçando uma expansão de
consciência a assumir posição no âmago da Vida de todo o individuo.
Tinha-o explicado, dizendo:
O Desejo Construtivo é a atividade expansível dentro da Vida, porque
é só desse modo que idéias sempre maiores, atividade e realização
são impelidas a se expressar no mundo externo da substância e da
forma.
Dentro de cada Reto Desejo está o poder de sua própria realização. O
homem é Filho de Deus. Ele é comandado pelo Pai a escolher como deve
dirigir a energia da Vida, e que qualidade deseja para expressar o
cumprimento do mandato de Deus através de seu desejo manifestado.
Isto ele deve fazer, porque o livre-arbítrio é seu direito inato.
É função da atividade exterior do intelecto guiar toda expansão para
dentro de canais construtivos. Este é o desígnio e o dever do eu
exterior. Permitir que a Grande Vida ou Energia de Deus seja usada
apenas para satisfação dos sentidos – hábito da grande massa da
humanidade – é o que constitui seu emprego destrutivo, que é sempre
seguido, sem exceção alguma, de desarmonia, fraqueza, fracasso e
destruição.
O emprego construtivo do desejo é a direção consciente dessa
Ilimitada Energia Divina pela Sabedoria. Todo o desejo, dirigido
pela Sabedoria, leva consigo uma espécie de benção para o resto da
Criação. Todo desejo dirigido pelo Deus Interno brota com sentimento
de Amor e abençoa sempre.”
Ocupei os dias que se seguiram escrevendo este registro de minhas
experiências.
Certa manhã, encontrei ao despertar um cartão de ouro sobre a mesa
que ficava junto ao meu leito. Pareceu-me ser uma peça de ouro
metálico e nela, em bonita caligrafia sombreada num belo tom de cor
violeta, estava escrita apenas uma curta frase:
“Comparecei ao nosso ponto de encontro na montanha (Shasta) às sete
da manhã”, assinado “SAINT GERMAIN.”
Pus de lado o cartão, cuidadosamente, e mal pude esperar que se
escoasse o tempo intermediário, tão grande era a minha ansiedade. De
manhã cedo, enquanto preparava o almoço, veio-me um nítido impulso
para nada levar comigo. Obedeci e decidi confiar em que minhas
necessidades seriam supridas diretamente do Suprimento Universal.
Em breve estava a caminho, alegremente, resolvido a não deixar
escapar nenhuma oportunidade para fazer perguntas, se me permitido
fosse. À proporção que me aproximava do lugar marcado, meu corpo se
tornava cada vez mais leve, até que, quando me encontrava a
quatrocentos metros, mal tocava o chão com os pés. Não vi sinal de
pessoa alguma, de modo que me sentei num tronco de árvore para
esperar Saint Germain, sem cansaço algum, conquanto meu percurso
tivesse sido de quase dezesseis quilômetros.
Enquanto eu meditava no maravilhoso privilégio e na benção que
recebera, ouvi estalar um ramo e olhei em torno, esperando vê-lo.
Imaginai minha surpresa quando, a uma distância de pouco mais de um
metro, vi uma pantera aproximando-se lentamente... Eu devia estar
com os cabelos arrepiados. Queria correr, gritar – fazer qualquer
coisa – tão frenético era o sentimento de medo dentro de mim. Teria
sido inútil mover-me, pois um salto da pantera ter-me-ia sido fatal.
Meu cérebro rodopiava, tão grande era meu pavor, mas me veio
claramente uma ideia que manteve serena minha atenção: lembrei-me
que tinha a Poderosa “Presença de Deus” dentro de mim mesmo, e que
essa “Presença” era toda Amor. Esse belo animal era também uma parte
da Vida de Deus e me dispus a olhar para ele, diretamente dentro dos
olhos. Então me veio o pensamento de que uma parte de Deus não
poderia prejudicar outra. Só tive consciência desse fato.
Um sentimento de Amor me arrebatou e saiu como um Raio de Luz
diretamente à pantera; com ele, foi-se o meu medo. Os passos
furtivos cessaram e encaminhei-me lentamente para o animal, sentindo
que o Amor de Deus nos enchia a ambos. O repulsivo olhar feroz dos
seus olhos suavizou-se, o animal endireitou-se e veio vagarosamente
ao meu encontro, esfregando a espádua contra a minha perna.
Inclinei-me e afaguei sua cabeça macia. Olhou-me nos olhos por um
momento e depois deitou-se, rolando no chão como um gatinho
brincalhão. O pêlo era de um belo castanho-escuro avermelhado, o
corpo longo, flexível e de grande vigor. Continuei a brincar com ela
e, quando olhei subitamente para cima, Saint Germain estava ao meu
lado.
“Meu filho”, disse, “vi a grande força que há dentro de vós, de
outro modo eu não teria permitido tamanha prova. Conquistastes o
medo. Minhas felicitações! Se não tivésseis conquistado o
eu-exterior, não permitiria que a pantera vos causasse mal, mas
nossa associação seria interrompida por algum tempo”.
Nada tenho a ver com a presença da pantera aqui. Isto fazia parte da
operação Interna da Grande Lei, como vereis antes de cessar a
ligação com a vossa nova amiga, que encontrastes. Agora que
passastes pela prova da coragem, ser-me-á possível prestar-vos muito
maior assistência. Tornar-vos-eis cada dia mais forte, mais feliz, e
expressareis muito maior liberdade.
Estendeu a mão e num momento apareceram quatro pequenos bolos, de um
belo pardo- dourado, com cerca de doze centímetros quadrados cada
um. Ele ofereceu-me e ordenou que os comesse. Eram deliciosos.
Imediatamente experimentei uma sensação aceleradora formigante
percorrer todo o meu corpo – sensação nova de saúde e de clareza
mental.
Saint Germain sentou-se a meu lado e minha instrução começou.
DO LIVRO - MISTÉRIOS DESVELADOS
ENSINAMENTOS DO MESTRE SAINT GERMAIN
PONTE PARA A LIBERDADE DO BRASIL -
MENSAGEIRO GUY BALLARD DO MOVIMENTO EU SOU