
MEDITAÇÃO TAOÍSTA
Como Aquietar os Pensamentos - O
b-a-bá da Meditação Taoísta
Uma das principais
dificuldades do processo da meditação é a dicotomia que se
estabelece na mente do praticante, no momento em que ele se senta
para meditar e se criam duas forças oponentes que passam a disputar
a primazia de seu raciocínio: um lado da mente ordena que o
praticante se concentre e faça silêncio, enquanto o outro desfia
razões infindáveis para demovê-lo dessa intenção.
Isso significa que, no
momento em que a pessoa se senta para descansar, procurando esvaziar
a mente dos pensamentos obsessivos, passa, em vez disso, a se
debater perante duas ordens contraditórias, sem conseguir definir a
qual das duas deve obedecer.
No processo da
meditação, o praticante não pode dar continuidade aos pensamentos
que surgem em sua mente no momento em que ele está procurando
concentrar-se em sua respiração, para uni-la com sua consciência.
Ou seja: não se deve
alimentar pensamentos. A pessoa alimenta um pensamento quando dá
livre continuidade ou rejeita rispidamente esse pensamento; isso
significa, na primeira situação, deixar-se levar por quimeras e, na
segunda, brigar com o pensamento, dizendo para ele, por exemplo: “Vá
embora, não se aproxime porque eu não quero dialogar com você”.
Em ambas as situações o
praticante terá saído do estado de meditação para conversar com seus
pensamentos: na primeira hipótese, uma conversa agradável,
fundamentada em fantasias; e, na segunda, uma polêmica disputa de
forças.
Quem conversa durante a
meditação não está de fato meditando. A pessoa que conversa com seus
pensamentos terá deixado de meditar, ainda que permaneça em posição
de lótus.
Como agir diante dessa
situação? Para eliminar e controlar rapidamente o pensamento, tão
logo ele apareça em sua mente, é preciso tomar consciência de sua
existência e, imediatamente, ignorá-lo, voltando sem demora a
atenção total para a respiração (apenas observe-o de longe, sem dar
valor algum a ele, e volte a focar na respiração).
A concentração na
respiração tem o poder de controlar pensamentos. Quando o praticante
assim age, o pensamento perde a força que o mantém ativo na mente,
interrompe sua trajetória e se desmancha por si só. Isso é fazer com
que ele se torne quieto.
A concentração na
respiração deve ser feita numa medida em que o praticante consiga
contemplar o ar que está respirando, sem apegar-se a ele, nem
tampouco se desligar dele. E, para conseguir esse resultado é
preciso não se afastar do estado de relaxamento.
A concentração
excessivamente forte gera doenças físicas e psíquicas, enquanto a
falta de concentração gera devaneios. Por isso é de essencial
importância a pessoa conseguir se manter na medida certa da
concentração, se quiser um resultado de excelência para sua prática.
É fundamental manter
permanentemente a atenção no ar que se respira porque assim,
conforme o progresso, o praticante poderá alcançar o estado do
Vazio. Desse modo, e envolvido por uma energia harmoniosa, a luz
interior alcançará todo o seu ser, criando a Plena Iluminação.
- Passo a passo
.Procure uma posição confortável.
.Cruze as pernas em posição de lótus ou
semi-lótus.
.Apoie o dorso das mãos sobre as coxas.
.A mão esquerda deve ficar sob a
direita e os polegares devem se tocar levemente.
.A coluna deve ficar ereta; porém, se
houver dificuldade de mantê-la assim, pode apoiar as costas.
.Feche os olhos e relaxe o corpo, da
cabeça aos pés.
.Encoste a ponta da língua no céu da
boca.
.Concentre a atenção na respiração, que
deve ser suave, lenta e harmoniosa.
.Mantenha a atenção na
respiração, buscando a fusão da mente com a respiração.
A completa quietude
interior é resultado da fusão da energia com a consciência de uma
pessoa, ou seja, da integração da mente com a respiração.
Mergulhe nesse estado
de integração entre mente e corpo até atingir o estado de extrema
quietude. Somente a partir desse ponto é que, na verdade, damos
início à meditação…
Mestre Wu Jyh Cherng.