– Reencarnação: A Viagem da Alma para a Perfeição - por Paramahansa Yogananda

A Reencarnação é o progresso de uma alma ao longo de muitas vidas no plano terreno, à semelhança das muitas séries em uma escola, antes de “diplomar-se” na perfeição imortal da união com Deus.

As Almas que vivem em estado imperfeito (inconscientes de sua divina identidade com o Espírito) não entram, por ocasião da morte do corpo físico, automaticamente em estado de realização divina.

Somos feitos à imagem de Deus, mas pela identificação com o corpo físico, dele assumimos imperfeições e limitações. Enquanto a imperfeita consciência humana de mortalidade não for removida, não poderemos voltar a ser deuses.

Um príncipe fugiu do lar palaciano e procurou abrigo em uma favela. Embriagando-se e convivendo com pessoas de mau caráter, aos poucos perdeu a lembrança de sua verdadeira identidade. Só depois que seu pai o encontrou e levou-o de volta para o palácio, ele se recordou que era, na verdade, um príncipe.

Todos nós também somos Filhos do Rei do Universo, fugidos do lar espiritual. Encerramo-nos por tanto tempo em corpos humanos que esquecemos nossa herança divina. Em numerosos regressos à Terra, desenvolvemos novas imperfeições e novos desejos.

Assim, voltamos para cá repetidas vezes, até satisfazer todos os desejos ou eliminá-los totalmente, pelo desenvolvimento da sabedoria. Precisamos satisfazer nossos desejos, ou, então, com o cultivo da sabedoria, acabar com todos definitivamente.

No entanto, pouquíssimas pessoas saem da roda de nascimentos e mortes pela tentativa de satisfazer os desejos. A natureza do desejo faz com que, uma vez “satisfeito”, a vontade de repetir a experiência aumente ainda mais seu controle sobre a pessoa, a não ser que seja alguém de mente muito forte.

É melhor satisfazer desejos menores ou insignificantes, porque assim nos livramos deles. Mas é preciso fazê-lo com sabedoria e discernimento, senão, até os pequenos desejos podem voltar com mais vigor, reforçados pela experiência.

Pessoas com tendência a beber, por exemplo, costumam “raciocinar” assim: “Hoje beberei quanto quiser e amanhã ficarei sem beber.”

Após várias repetições da experiência, o resultado mais comum é descobrir que se formou um hábito e, então, será difícil abandoná-lo. O mesmo pode acontecer com qualquer outro desejo.

Deus não é um ditador que nos enviou aqui e nos ordena o que fazer. Ele nos deu livre-arbítrio para fazermos o que quisermos. Já ouvimos muita coisa sobre a importância de ser bom. Entretanto, se todos nós vamos direto para o céu quando morremos (como alegam alguns), de que adianta fazermos o bem enquanto estivermos aqui?

Se todos recebem a mesma recompensa no fim da vida, por que não ser uma pessoa ambiciosa, egoísta, já que o caminho do mal geralmente e mais fácil de trilhar?

Seria inútil imitar a vida dos grandes santos se, ao morrer, todos nós – tanto os bons quanto os maus – nos tornássemos anjos.

Por outro lado, se no plano de Deus estamos todos destinados a ir para o inferno, será igualmente inútil nos preocuparmos com o comportamento nesta vida. E de que valeria vigiar as ações, se nossas vidas fossem como automóveis, que quando estão velhos são lançados na sucata, e ali terminam?

Se nisso se resume a vida do homem, não há necessidade de ler as escrituras ou de exercitar o autocontrole.

A Importância do Tempo

Entretanto, se existe um propósito nobre na vida, como explicar a aparente injustiça, quando bebê nasce morto? E os que nascem cegos, mudos, aleijados ou os que vivem apenas alguns anos e morrem?

Só os que vivem muito é que têm tempo para lutar contra más tendências e desejos inatos e tentar serem bons. Se não há outra oportunidade (em uma vida futura) para a criancinha que morre com seis meses, por que Deus lhe concedeu uma mente e não deu tempo para desenvolver suas potencialidades?

O fator tempo é importantíssimo em nosso progresso. Uma única vida pode não oferecer tempo suficiente.
Se uma criança morre prematuramente, há uma razão para a morte; como não teve tempo suficiente para expressar seu potencial, humano ou divino, outra oportunidade lhe será dada.

É como um menino que adoeceu e não pode ir à escola. Ele não abandona os estudos para sempre; assim que estiver bom, voltará às aulas. A vida também é assim. Se não temos a chance de aprender as lições nesta vida, teremos oportunidades de aprendê-las em alguma outra.

Quando você puder ver “atrás dos bastidores”, compreenderá que a vida na Terra é um teatro de marionetes. Parece real agora, mas o que estamos vivendo neste momento adquirirá para nós a irrealidade de um sonho, dentro de alguns anos. E o que estamos experimentando agora teria parecido irreal há cinco anos, se então nos fosse descrito.

No domingo passado, a maioria de vocês sentou-se em outros lugares no templo e tinha outros pensamento na mente. Hoje estamos assistindo a um “filme” diferente. Pense em quantas pessoas, suas conhecidas, já desapareceram do palco terrestre.

O conceito da vida como um espetáculo mutável, passageiro, não é pessimista; deveria ensinar-nos a não levar a vida a sério. Maya, a ilusão cósmica, faz-nos sentir que o corpo é muito real, uma parte muito necessária de nosso ser. Todavia, de um momento para outro, o corpo pode ser separado da alma pela morte, e a separação nada tem de dolorosa.

Terminada a “operação”, você não precisa de tempo, roupa, alimento ou moradia, pois já não tem que carregar o fardo corpóreo da carne. Está livre dele. E você ainda é você.

Já procurou refletir por que esta verdade está oculta? Ou onde podem estar os milhões de pessoas que já saíram da Terra?

Alguma vez já quis saber se nos parecemos com galinhas em um galinheiro – quando saímos do poleiro, somos substituídos por outras galinhas? Não haverá um meio de descobrir?

Paramahansa Yogananda

do Livro - A Eterna Busca do Homem, Como perceber Deus na vida diária
Editora: Self-Realization Fellowship - www.omnisciencia.com.br


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